causas e consequências
A marcha dos acontecimentos no Alentejo, com aquilo que de mais lindo e revolucionário se fez, a Reforma Agrária, e a situação revolucionária e explosiva nas Cinturas Industriais de Lisboa e Setúbal, colocou a burguesia derrotada em Abril em alerta máximo, entrando na prática do reaccionarismo violento, aprontando forças militares e civis, para um golpe.
Os filhotes, a entrar ou a sair da Universidade com a Revolução a ferver-lhes no sangue e muitas ilusões humanistas, mas sem cultura marxista, serviu-lhe de trampolim, empurrando-os com a barriga em frente, sem acautelar as traseiras, sedimentando as conquistas conseguidas. Foram fundados e financiados, partidos -ml como cogumelos; alguns dos membros, aliás, os principais, vinham do PCP, com sede de protagonismo, que de imediato, quiseram transformar uma revolução democrática/burguesa, à custa da leitura oportunista dos clássicos (fazendo lembrar o estudo bíblico, conforme os interesses das religiões), numa completa revolução popular, socialista.
Ora foi esta tentativa, que levaria a Reforma Agrária, Cooperativas de Habitação, ocupação de fábricas, eliminação de intermediários, etc. às zonas Centro e Norte do país, sem ter em conta que era aí, que reinava e reina, a pequena propriedade, quer agrícola quer de habitação, em que quase toda a classe operária era e é simultaneamente, proprietária, em que mais havia analfabetismo, não só politico, como puro analfabetismo, que criou pelo medo, aquilo que viria a ser o apoio, o sustentáculo da grande burguesia reacionária e mesmo fascista.
Foram esses meninos, pouco mais do que acabados de sair do colo das mamãs, armados em revolucionários, esquerdistas, posicionados muitas vezes, à esquerda da própria extrema esquerda, voluntarista, que muitas das vezes, sem se aperceberem que estavam a ser instrumentalizados, pelos progenitores e seus apoiantes burgueses internacionais (lembramos aqui o papel da CIA e da marinha dos EUA) e candidatos a protagonistas da política capitalista interna (Mário Soares, Sá Carneiro, Freitas do Amaral, etc.).
Assim, em nome da estabilidade (burguesa), da democracia parlamentarista e pluralidade politica; em nome de que era necessário um travão à sovietização de Portugal é do perigo que isso constituía para NATO, procura-se um avanço militar revolucionário, de forças sem força, para que as verdadeiras forças bem treinadas, tomassem o poder. E foi dado um golpe militar de direita, que só não foi até ao retorno do fascismo, porque os democratas burgueses, conseguiram-se impor. No entanto, hoje, a pouco e pouco, essas forças, não vencidas, mas travadas, ganharam e vão ganhando espaço e poder, ao som da batuta nazi que campa em todo o Ocidente.
Celebrar o 25 de Novembro, é o mesmo que celebrar o Estado Novo, com outra roupagem, nem mesmo, fazendo crer, que o golpe não foi até aos limites premeditado.
Viva o 25 de Abril !!