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docarlos

                  ««Como introdução, consideremos um exemplo diário de desenvolvimento da dialéctica.
                  Suponhamos um cozinheiro inexperiente que pretende cozer legumes. Prepara os mesmos, coloca numa panela água e coloca-os dentro, pondo ao lume. Em breve, verifica que mesmo após levantar fervura e estar um bocado, não cozem e até encruam em relação aos primeiros momentos. Então, resolve reiniciar o processo, colocando a água em aquecimento, até esta levantar fervura afim de introduzir os legumes, que cozerão sem grande luta molecular. Mas por qualquer motivo, p. ex, saída repentina, outro cozinheiro terá de terminar o serviço. Este novo profissional, resolve não esperar que a água atinja a ebulição, 100 °, ponto de passagem do estado líquido ao gasoso, e, quando o aquecimento atinge uns 80°, coloca os legumes, não os encruando, mas provocando uma maior luta entre moléculas, entre o frio e o quente, correndo o risco mesmo, de os deixar empapados. No final, em um caso ou outro, o resultado será o mesmo, servindo os alimentos de gostosa refeição.»»
     

                 Quando em meados dos anos 50 do século passado subiram ao poder os carreiristas revisionistas na ex União Soviética, ficou completo o discurso antisoviético reaccionário do ocidente e da burguesia russa. O que era o tradicional ataque de classe ao poder soviético, passou a ser também, um ataque frontal à personalidade de Estaline, com acusações de culto da personalidade, alianças com os Nazis, crimes de guerra e genocídio do próprio povo. Sem esta cumplicidade interna, nunca as duvidas sobre Estaline, passariam a certezas, servindo de prato forte à burguesia e, arrastando consigo uns tantos marxistas, que ainda hoje odeiam o ex dirigente da URSS.

                Será que as coisas foram mesmo erradas, politica e economicamente?
                Segundo a burguesia nacional e ocidental, o regime soviético tornou-se cem por cento anti-democrático, com processos criminosos por antihumanistas, dando razão à questão de que as ditaduras serão todas iguais, dando assim a machadada final na ilusão, que segundo ela, seria ou será, o socialismo e uma sociedade sem classes.
                No entanto, todos foram e, ainda hoje são, obrigados a reconhecer os êxitos económicos e sociais da URSS desses tempos: cresceu o país, nivelaram-se posições na sociedade e tornou-se a 2ª maior potência militar, desportiva e produtora de bens essenciais. Então, porque hoje dizem que o socialismo real, como lhe chamam, levou o país à miséria? Analisemos, embora ligeiramente, as razões do insucesso.

               No exemplo que dei, consideremos Lenine o primeiro cozinheiro e Estaline o substituto. Será que Lenine iria deixar a água chegar ao ponto de ebulição, ou seja, que as relações mercantis por ele reintroduzidas algum tempo após a revolução de Outubro, levariam a um ponto em que a revolução socialista passaria com um mínimo de ditadura? Creio ser esta a grande opção do pai da pratica marxista, no entanto, e tendo em consideração as cartas com as últimas vontades politicas de Lenine, Estaline seria muito mais voluntarioso, tendo para isso de concentrar em si mais poder, mas o grande mestre do PC, nunca desconsiderou Estaline no plano marxista.
               E foi o que aconteceu. Estaline, considerou que a situação social e económica, estava em ponto suficiente para a viragem, não só economicamente, como acima de tudo, se não o fizesse, seria derrotado e com ele, toda  a revolução, pelos inimigos desta, muitos, talvez a maioria, dentro do próprio partido. A luta terá sido tremenda; muitos dos seus inimigos, foram cilindrados mesmo até à morte, mas a revolução socialista, fez-se!
               Na questão económica, a sociedade soviética evoluiu da única maneira possível: aproveitando as mais-valias criadas pelos trabalhadores (sobre produto como lhe chamam os economistas do tempo e actuais, estudiosos do tema), estas foram devolvidas ao povo em forma de serviços, quer em melhoria dos existentes, quer em novos. Mais-valias criadas nos meios produtivos intermédios (produção de meios de produção), que se reflectiram na ponta final, no consumidor, com descidas nos preços, gratuitidade na saúde, educação, etc., o que, como é lógico, fazia aumentar os salários, mesmo que estes se fixassem ao longo de cada quinquénio.
               Estaline e os seus colaboradores, sabiam que se dessem as mais-valias em salários, a produção desceria por falta de incentivo, obrigando o país a viver artificialmente das importações, acabando por o levar a socorrer-se dos empréstimos do capital internacional, que é o mesmo que dizer, ficar nas mãos deste, condenando assim a grande experiência  social.
              

               Foi mais ou menos isto que sucedeu após a morte do dirigente marxista: os tomadores do poder, com base na teoria de que a União Soviética se afastava dos padrões de vida ocidentais, começaram a distribuir os dividendos do sobre produto em salários, desnivelando estes e retraindo a produção de meios de produção, adquirindo-os no estrangeiro, que em consequência da nacionalização produtiva, esvaziou os cofres do Estado, por este já não beneficiar do imposto cobrado às mais valias ou sobre produto, e as reservas monetárias, se encontrarem nas mãos do povo, mais em alguns do que noutros. Em pouco tempo, a União Soviética passa a ter as prateleiras vazias e o dinheiro crescer nos bolsos dos consumidores, alastrando o descontentamento, até à queda do regime, que de socialista já pouco ou nada tinha.

               Já por mais de uma vez afirmei em diversos sítios, de que a União Soviética caiu por problemas políticos, por resoluções politico/económicas antimarxistas no pós guerra, e não por erro puramente económico, porque nesse ponto, estava no bom caminho. Caminho esse, tendo em conta que o materialismo histórico, não é mais do que a consequência do desenvolvimento das forças produtivas e as suas relações sociais. Então, compreendendo os motivos da burguesia, porque há marxistas que se envolvem nas mesmas acusações a Estaline? Será que transformaram o materialismo histórico em mero desenvolvimento politico, democrático, ignorando a componente económica, mãe desse mesmo materialismo? Ou seja, será que desejam o socialismo, com a economia de mercado capitalista? Será que refutam a revolução com a ditadura das maiorias trabalhadoras sobre as minorias burguesas? Sim, porque é disso que se trata, quando falamos do período de 1928 a 1953.

                 É tempo de se fazer uma grande reflexão. Tentar compreender a passagem económica de Lenine para Estaline. Tentar saber se essa passagem foi prematura ou na hora exacta. Então, só depois se pode julgar o dirigente, até porque, por detrás de uma prematuridade, ainda fica o processo de intenções.

                           Eutanásia, o que é, e para que serve.

                          Surgiu no mercado burguês mais um tema que querem parecer polémico, a Eutanásia ou morte assistida, com direito a decisão referendária e tudo. Incrível, o que a decadente burguesia inventa para entreter o pagode. Querendo colocar a eutanásia ao nível do aborto, a burguesia provoca uma discussão completamente inútil.

                          A Eutanásia não é crime, pelo menos do ponto de vista social, embora a lei sobre homicídio, necessite de um qualquer acrescento, para que uma morte provocada a pedido do paciente, não seja inculpada a terceiros intervenientes na mesma. Se querem falar de crime, então que falem no desligamento das máquinas suporte de vida, aquando está em fase terminal e em coma profundo impossível de recuperação. Aí, o doente não tem qualquer interferência, ficando a morte à total responsabilidade de médicos e familiares, exactamente o que sucede na IVG, cuja moral depende do ponto de vista de cada um, especialmente da mulher em causa.

                          NÃO ao referendo.
                          SIM a uma lei da AR, para despenalizar a Eutanásia, deixando a mesma ao desejo do doente, incluindo um testamento sobre o assunto.
                          SIM a uma série de leis que regulamentem e imponham cuidados paliativos, que dêem o máximo de conforto ao doente, afim de o fazer desistir ou não pensar na morte como cura?! para si, algo que nunca resultou na questão do aborto, onde este tem servido na maioria dos casos, como método contraceptivo do pós acto sexual.

                          Portanto, tudo o que nos quiserem impingir, quer da Direita tradicional quer do PS ou apêndices, não passa de mais tretas para nos entreterem enquanto nos continuam a roubar. O SNS, tem condições ou pode tê-las, bastando para isso, que os milhões que vão para bancos, concessionários, assessores, actuações militares em terras de outros, etc., lá sejam aplicados.

                            Está em marcha uma ofensiva contra o OE, após a derrota, mais uma, da direita revanchista, que tudo fez para impedir um orçamento que começasse a repôr a justiça, depois de 4 anos de desgraça económica, em que os únicos beneficiários foram os bancos e os meios financeiros internacionais. Agora, o ataque incide sobre a austeridade, que apelidam de esquerda. Na verdade e, aparentemente, o Estado está a dar com uma mão e a tirar com a outra dando no IRS e tirando nos impostos indirectos. Só que, esquecem, ignoram ou têm má fé, os dectratores que agora falam, de que diminuindo os descontos nos impostos directos, cresce o poder de rotação do dinheiro, obrigando ao investimento, mesmo que depois, ele desapareça nos indirectos. O investimento, cria emprego e com ele, mais dinheiro entra na economia. Claro, que isto tem de vir acompanhado de uma politica de importações, que não ponham em causa a produção nacional.
                           É evidente, que o OE não é o ideal nem sequer igual ao primeiro que foi mandado a Bruxelas e que, o Governo cedeu ao capital internacional, quando não o deveria ter feito, mas mesmo assim, é o posivel, dentro das condições criadas pelo governo anterior e mesmo pelos governos PSs. Vamos andando devagarinho, para não destruir a aliança à esquerda.

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