A direita conseguiu, até ao momento, isolar Tsipras. Conseguiu mantê-lo à distância conveniente e, acima de tudo, tem conseguido isola-lo da esquerda grega, apresentando-o, como um traidor, que prometeu umas coisas e faz outras, contrárias: este, tem sido o papel da comunicação social, dentro e fora de portas, que nas "gordas" demonstra uma determinada tedência, que depois é desmentida no miolo da noticia. Segue-se um exemplo flagrante:
http://www.tvi24.iol.pt/economia/privatizacoes/grecia-vai-privatizar-portos-aeroportos-regionais-e-operadora-eletrica
Mais uma vez (quantas, já?), apareceu a informação de que o memorando prevê determinadas privatizações, entre elas a da operadora de energia. Mais uma vez, é uma falsa questão no imediato. Haviam privatizações em curso, aquando as eleições, que o SYRIZA suspendeu: são essas que vão proseguir. Quanto à da energia, só irá avante, se o Governo não conseguir receitas alternativas, portanto, não obrigatória. Tal como outros bens públicos, que ficam "penhorados" e não privatizados, para as mesmas circuntâncias. Tudo depende, portanto, daquilo que o Governo do SYRIZA, fizer com o dinheiro que vai receber do 3º resgate. Se fossem a ND ou o PASOK, seria de certeza para carros e vivendas, piscinas, e férias; com estes, nào sabemos, ou antes, sabemos, se os deixarem abandonados.
E é nestes, abandonados, que está a questão principal grega, no momento actual.
Conforme fica mais uma vez demonstrado, aqueles que mais obrigação pela sua natureza ideológica, tinham de acompanhar e amparar esta pequena burguesia exitante, mas representativa da sociedade grega, mesmo engolindo alguns sapos ideológicos, continuam teimando na "revolução" socialista, isolando-se a eles próprios e, entalando o gigantesco SYRIZA.
Ninguém nega, a justeza dos objectivos finais dos comunistas gregos: nega-se os meios para atinigir esses fins, como aliás já tive a ocasião de sublinhar mais do que uma vez. Mas vejamos uma recente entrevista do seu SG:
http://resistir.info/grecia/koutsoumbas_08ago15.html
Mas que quer o KKE: fazer omeletes sem ovos? Depois de socializar os meios de produção (quais?, as FAs, os hotéis nas ilhas, as oficinas de reparação de automoveis, os transportes, os guias turisticos?), como vai sustentar a Grécia: com a carne argentina, com o trigo ucrâniano, com o arroz chinês?, e como os vai pagar? Não terá por acaso, só por mero acaso, de aumentar a produção interna?, e quem vai investir nisso?, o Estado com os rendimentos dos tais meios de produção? Não será por acaso também, que uma produção de recuperação, só o capitalismo o pode fazer? Onde está Marx em tudo isto? Ou é verdade, que são menos de meia duzia de marxistas, presentes no CC do Partido?
Podem chamar-me o que quiserem. Quem negar o meu ponto de vista, tem de me provar o erro de análise, com um programa viável para a Grécia, que como sabemos, está muito pior do que Portugal, para quem o PCP, atravès da CDU, tem um Programa muito mais moderado, de esquerda sim, mas realista. Dizer que sou um burguês, traidor, burro, reaccionário, não chega.
Tsipras vai perder, não há duvidas. Mas vai perder, porque não tem quem o acompanhe e corrija, mas assim, todos ficam satisfeitos: a "esquerda?!", porque prova a "traição?!" e, claro, a Direita, única beneficiária: até a portuguesa.